- O que faz algumas pessoas arriscarem e outras não?
- Prevendo as consequências de correr riscos
- Risco: saldo de lucros e perdas primeiro
Por que algumas pessoas desistem de tudo e se empolgam, por exemplo, sem conhecer o idioma, vão para um país completamente estrangeiro para trabalhar, enquanto outras têm medo de mudanças, embora o risco que correm seja pequeno?
Michał experimentou uma história como de um filme de Hollywood. - Ano passado eu tinha um projeto de vida: uma viagem de negócios ao Brasil - diz ele, e nessa lembrança seu olho pisca. - Foi amor à primeira vista: cores, cheiros, formas, sons… Este país estimulou todos os meus sentidos. Eu não queria ir para a cama nem por um momento - eu só não queria perder tempo para dormir no mundo. As pessoas com quem ele teve que trabalhar sugeriram que ele ficasse. Eles se ofereceram para ajudá-lo a aprender a língua e que assinariam um contrato com ele com antecedência para tranquilizá-lo de suas intenções puras. E embora a situação fosse perfeita, Michał não aceitou a oferta. Ele voltou para a Polônia. - Não tenho esposa, nem filho, nem crédito para pagar. Ofereceram-me um emprego que se adequava perfeitamente às minhas qualificações. Apesar disso, me assustei e rejeitei a oferta - conta. - Eu sei que não vou ter essa chance uma segunda vez. Eu a perdi porque estava com medo de arriscar.
O que faz algumas pessoas arriscarem e outras não?
Todos os dias você ouve falar de pessoas que da noite para o dia largaram tudo e foram procurar a felicidade em um país estrangeiro. Alguns não tiveram escolha a não ser deixar bons empregos e partir para o desconhecido. Por que alguns de nós não têm problemas em arriscar e outros decidem não dar um passo semelhante, mesmo quando não têm motivos para temer?
- Ofator de ansiedadeé muito importante aqui - explica Arkadiusz Bilejczyk, psicólogo e psicoterapeuta. - O nível geral disso é um traço de personalidade com o qual lidamos de maneira diferente como espécie. Ao mesmo tempo, pessoas com baixos níveis de ansiedade têm maior facilidade em tomar decisões difíceis. Por outro lado, aqueles que sofrem com isso evitarão em grande parte situações que envolvam qualquer ameaça, seja material ou emocional, mas o medo não é a única razão pela qual alguns de nós não tomarão medidas que exija algumrisco.
Prevendo as consequências de correr riscos
Outro fator importante é a capacidade de antecipar, pensar nas consequências de um determinado comportamento. - A mesma decisão podetêm uma dimensão de risco completamente diferente para duas pessoas diferentes - diz a psicóloga. - Deixe-me usar um exemplo um pouco exagerado: de um lado temos Basia, que acaba de receber uma oferta de emprego em Cracóvia. Oferecem-lhe melhores condições financeiras, um cargo de chefia, e a mulher conhece bem a cidade e gosta. Tudo o que ela precisa fazer é arrumar suas coisas e convencer o marido a procurar um novo emprego em Cracóvia. O risco é pequeno, eles podem retornar a Varsóvia a qualquer momento se algo não der certo. Do outro lado temos Piotr, que era um torcedor impenitente do Legia em sua juventude. Ele recebeu a mesma oferta, mas há muito se sabe que um homem com uma tatuagem do clube de Varsóvia nas costas não será fácil de sobreviver em Cracóvia. O risco aqui é muito maior: será mais difícil para ele - como torcedor do hostil Legia - fazer amizade com novos amigos, ter uma vida social normal.
Risco: saldo de lucros e perdas primeiro
A atratividade da recompensa que pode ser obtida também é importante para assumir riscos. Que recompensa Michael estaria esperando se tivesse ficado no Brasil? A vida em um lugar pelo qual ele se apaixonou à primeira vista. Ele se desenvolveria profissionalmente, aprenderia um novo idioma, conheceria muitas pessoas interessantes de todo o mundo. Mas não foi o suficiente. "Eu estava com medo de sentir muito a sua f alta", diz ele. - Me vejo no Brasil há alguns anos, mas tenho medo de não ter sobrevivido sem minha família e amigos.
Magda também tinha medo de sair. Nasceu em Varsóvia, toda a sua vida girou em torno desta cidade, aqui tem família e amigos, um bom emprego numa grande empresa. Um dia ela decidiu ir para a Inglaterra. "Eu sempre quis ir embora por um ano", diz ela. - Experimente como é: longe dos entes queridos, sem perceber que você pode vir até sua mãe ou amiga e chorar no ombro dela. Mas f altou algum estímulo.
Ela se apaixonou por um rapaz que a convenceu a ir embora. - Estaria mentindo se dissesse que não estava nervoso. Eu estava pensando se encontraria um emprego ou se teria dinheiro suficiente para um apartamento até o meu primeiro salário. No entanto, tomei a decisão de ir imediatamente.
Por que Magda foi embora, mesmo sem saber que futuro a esperava em Londres, e por que Michał decidiu ficar na Polônia? O psicólogo Arkadiusz Bilejczyk responde: - Muitas vezes acontece que os lucros potenciais não são altos o suficiente para cobrir os custos associados ao risco, por exemplo, separação de entes queridos ou do lugar ao qual estamos ligados. Para Michał esses custos eram muito altos, para Magda não. Porque se não tivermos uma tendência inata ao comportamento perigoso e imprudente, sempre calcularemos os lucros potenciais eperdas. E nos arriscaremos quando o valor do prêmio for superior aos custos incorridos
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